Muita gente se pergunta como surgiu a sustentabilidade, a responsabilidade social e a responsabilidade ambiental dentro das empresas. A filantropia, o começo de tudo, é secular. Mais para década de 70 e 80 as empresas começaram a pensar em ações para mitigar impactos ambientais e sociais e iniciou-se então o que conhecemos hoje por responsabilidade social corporativa.
Nos últimos 10 anos a forma das organizações trabalharem as questões socioambientais mudou. É claro que estou falando de um panorama geral e no Brasil isso ainda está muito longe de ser efetivamente praticado. Mas o fato das organizações enxergarem oportunidades nesse meio fez com que a responsabilidade social se transformasse em sustentabilidade e entrasse no discurso e no planejamento estratégico das empresas.
Já escrevi aqui sobre a diferença entre responsabilidade social e sustentabilidade. Além das diferenças, a sustentabilidade corporativa está atrelada ao conceito de desenvolvimento sustentável lançado para o mundo no final dos anos 80, a partir de debates promovidos pela ONU no início da década. Na ocasião, a então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, foi nomeada chefe da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
O objetivo da comissão, um grupo autônomo, era avaliar as questões de meio ambiente e desenvolvimento do planeta, formulando propostas realistas como solução aos problemas encontrados, assegurando que o progresso da humanidade acontecesse sem que a natureza entrasse em colapso. Esses debates acabaram, então, por gerar o famoso Relatório Brundtland ou Our Common Future.
O relatório, apresentado ao mundo em 1987, apontou a incompatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes na época. O seu conteúdo já trazia um tom de alerta para que os governantes assumissem a responsabilidade pelos impactos ambientais e as decisões políticas que os originavam. Reparem: há mais de 20 anos já se falavam da irresponsabilidade de produção e consumo.
Citado pela primeira vez no Relatório de Brundtland, o termo desenvolvimento sustentável foi denominado como “a satisfação das necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Ainda segundo o relatório, uma série de medidas deveria ser tomada pelos países para a promoção do desenvolvimento sustentável, entre eles:
- Limitação do crescimento populacional;
- Garantia de recursos básicos em longo prazo (água, energia, alimentos);
- Atendimento das necessidades básicas;
- Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
- Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores.
Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável transformou-se em referência para diversas causas sociais e ambientais em todo o mundo, transcendendo sua amplitude política e governamental, atingindo o mundo corporativo. Tendo como foco as premissas do desenvolvimento sustentável, diversas empresas, hoje, utilizam o badalado triple bottom line para condução de seus negócios.
Além da conhecida base econômica, social e ambiental, os pilares da cultura e da política, hoje, também estão inseridos no conceito de sustentabilidade corporativa. A ampliação do tripé tornou-se fundamental, uma vez que, em maior ou menor grau, novos fatores acabam por impactar a cadeia de valores das empresas, independente da área de atuação ou da natureza dos produtos.
Apesar de ainda não ser muito discutido, a importância da política e da cultura para a sustentabilidade é evidente. Quando se fala do aspecto político, estamos falamos da coerência entre o que é esperado e a prática adotada por uma organização, uma determinada sociedade ou mesmo um governo. É meio que a prática alinhada ao discurso. Uma empresa não é sustentável se adota uma política inflexível de negociação com os funcionários ou não acompanha a legislação ambiental vigente, por exemplo.
Já o aspecto cultural se refere a que tipo de sociedade a empresa está inserida, o comportamento, as limitações e suas peculiaridades. Com a globalização, as organizações multinacionais se proliferaram e estão em todos os lugares do mundo. Respeitar as diferenças e características locais é vista como vantagem competitiva e pode, dependendo do caso, até significar a sobrevivência em mercados regionais.
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