15 de julho de 2010

Falando de sustentabilidade para leigos

Apesar de ser o termo da moda, ser assunto de programas de televisão, estar na pauta dos jornais e revistas e as empresas divulgarem seus projetos aos quatro cantos, nem todo mundo sabe exatamente o que significa sustentabilidade. Ou melhor, a maioria não sabe o que ela significa. E isso acontece até mesmo dentro das organizações que dizem trabalhar com sustentabilidade!


A primeira questão a ser esclarecida, e, inclusive, é a que mais me incomoda, é que sustentabilidade não é sinônimo de meio ambiente. Particularmente não sei o porquê das pessoas confundirem. Talvez tenha sido culpa da mídia, que sempre deixou essa dúvida no ar. É claro que a sustentabilidade tem pegada forte de meio ambiente, afinal, o mundo está esquentando, espécies animais e vegetais estão sendo dizimadas e estamos acompanhando de camarote a destruição do planeta. Mas ela é mais do que isso.

Já ouvi muita gente falando absurdos como sustentabilidade ambiental e/ou sustentabilidade social. Acredito (e espero) que tenham falado por mera ignorância do assunto. A sustentabilidade é um conceito que só é praticado se social, ambiental e financeiro estiverem bem fundamentados. Dentro das empresas, mais do que utilizar jargões inapropriadamente, vejo que há muita falta de entendimento. A começar por separar o que é responsabilidade social e ambiental do que é sustentabilidade.

Hoje mesmo recebi um google alert sobre uma palestra de sustentabilidade corporativa que será ministrada por uma diretora de meio ambiente. Não questiono a capacidade da palestrante (e pode ser que eu me engane), mas se o campo de trabalho dela é o que diz o seu cargo e ela falar sobre o que trabalha, a palestra será incompleta. Ou melhor, a palestra não será sobre sustentabilidade corporativa, mas sobre gestão ambiental das empresas.

Por ver discrepâncias como essas que, vira e mexe, me pergunto: o que as pessoas efetivamente entendem por sustentabilidade corporativa? Dentro das empresas, a parte de meio ambiente tem nome: responsabilidade ambiental, SHE (safety, health & environment) e seus desdobramentos, gestão ambiental etc. A parte social também tem nome: responsabilidade social, fundação, instituto, gestão social etc. A diferença entre isso e sustentabilidade não está só na nomenclatura, mas no escopo de trabalho.

Responsabilidade social e responsabilidade ambiental trabalham muito mais voltadas para atender demandas inerentes ao negócio. Se uma empresa atua em segmento altamente impactante para o meio ambiente ou para comunidades do entorno, é óbvio que deve ter projetos específicos para mitigação. Se ela resolveu criar projetos de educação no país, mesmo que o seu foco seja outro, foi para atender demandas de stakeholders.

Sustentabilidade dentro das empresas é estratégia, não operação. Já cansei de escrever que ela só existe quando integrada aos processos de negócio. Se os processos não forem sustentáveis, mesmo que a empresa tenha RSA forte, com bastante investimento, ela não é sustentável. Sustentabilidade não é projeto social ou projeto ambiental. Ela conversa com o marketing, com finanças, com RH, com supply, com R&D, com TI, com comunicação interna, com relações governamentais. Ela estende o conceito aos fornecedores e a toda sua cadeia de valor.

Falando em valor, a sustentabilidade mexe profundamente com valores. Primeiro na esfera corporativa. A forma de a empresa enxergar o negócio muda. Os objetivos dela passam a ser outros, além do lucro, é claro. E num segundo momento acontece a principal mudança, que é de pessoas. Nós, como funcionários, vamos nos conscientizando de outros valores que acabarão sendo levados para nossa rotina fora da empresa. Seja repensando a forma de consumir, de utilizar (e reutilizar) as coisas, as formas de se relacionar com as outras pessoas ou mesmo de encarar as necessidades do mundo atual.



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